sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Cada vez percebo menos


Fui a uma reunião de pais do meu índio e vi, embevecida, o caderninho dele com os trabalhos e a pasta com mais fichas de português, matemática e estudo do meio (na minha altura meio físico). Quando entrei fui com a ideia de falar com a professora pois reparei que o meu índio anda a ter muitas dificuldades a Matemática, mais do que seria de prever e que não sabia fazer coisas que eu, naquela altura, já fazia bem.

Pois bem, nem foi preciso falar. A conversa foi-se desenrolando e fiquei pasmada com as instruções das mentes brilhantes que mandam/ordenam os professores ensinar ou não aos miúdos.
Na disciplina de Matemática, acabaram com as famosas "contas em pé" e querem que os miúdos com sete anos tenham rapidez de raciocínio e que não contem pelos dedos (vão começar a fazer pequenas fichas de avaliação cronometradas, tipo "Quem quer ser Milionário" mas sem prémio, sem Malato ou Jorge Gabriel e com a penalização de os miúdos ficarem frustrados com a Matemática logo no 2º ano), para além de terem querido abolir com a tabuada. Parece que relativamente a esta última já estão a reconsiderar voltar a ensinar a cantilena da tabuada, pois parece que houve para aí uma geração qualquer que não sabe sequer o que é a tabuada...

Depois de ouvir isto tudo em "seco" pensei: "Que Bonito!", "Mas que beleza", "Que bela educação andam estes iluminados (não falo dos professores que dão as aulas mas aqueles que os mandam ou proíbem ensinar de certa e determinada forma)a fazer ao futuro do país!".
Já agora, porquê ensinar?
Ponham os putos a fazer desenhos todos os dias e por cada frase articulada e bem construída passam de ano até ao 12º ano (já que é a meta para as malditas estatísticas).
Já que estão a comprometer a qualidade do ensino em Portugal, comprometam-na logo toda e como deve ser. Se é para partir, parta-se mesmo tudo.
Caramba!
E eu a pensar que mais nada me espantava!

1 comentário:

Francisco o Pensador disse...

Tenho por hábito dizer que o principal cartão de visita da nossa democracia é a sua inusitada capacidade em criar delinquência.

Não há nada a fazer. Somos os campeões do exagero.
Para nós é sempre tudo 8 ou 80, nunca existe noções de equilibrio ou de meio termo.
Quando criaram o Novas Oportunidades e "contrataram" a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues para fazer subir as estátisticas "mediocres" do ensino em Portugal, um dos pontos mais sensiveis era precisamente a Matemática.
Como ensinar/aprender era um processo demasiado moroso e havia necessidade de resultados imediatos, assistiu-se durante alguns anos ao que eu apelido de "Simplex educacional", que, na prática, traduziu-se em provas de aferição onde um dos desafios matemáticos mais emblemáticos para se passar de ano eram contas do tipo "Quanto dá 100 a dividir por 10"....
Com perguntas destas as "médias" tiveram que subir, obviamente, mas acreditas que ainda houve quem errasse na conta que citei?
Isto não é nenhuma aldrabice, foi-me contado em primeira mão por um professor do 9º ano amigo da familia.

Conclusão, facilitou-se para subir as médias, e como isso deve ter dado "estandarete" nos ouvidos de alguém....agora assiste-se precisamente ao contrário, complica-se em demasía.

Em sempre assim com os Portugueses...ou 8 ou 80...
Não sabem viver de outro jeito.